Quando a moral vira uma grande espiral retorcida
Estava lendo hoje uma notícia sobre o desenrolar de um assassinato que aconteceu em novembro passado aqui em São Paulo, no bairro da Vila Madalena. Uma psicóloga da Unifesp foi assassinada ao chegar em casa assim, sem mais nem menos. A hipótese de roubo foi levantada, mas depois percebeu-se que foi uma execução.
O crime foi bem planejado, a julgar pelo andamento das investigações, que estão demorando para aparecer com novas revelações. Hoje saiu a notícia que o motorista da moto que levava o assassino foi preso no litoral. Ele afirma ter recebido R$ 2 mil para pilotar a moto e disse que "achou" que fossem "só" roubar o carro da pessoa, e não matá-la. Se disse arrependido, não sabe quem foi o mandante, enfim...
Isso me lembrou dos estudos iniciados por Stanley Milgram e que depois foram replicados no mundo todo durante anos. Nesses experimentos, os voluntários tinha o poder de dar choques elétricos em supostos voluntários (na verdade, atores) caso estes não respondessem à algumas perguntas da forma correta. Na média, 70% das pessoas continuavam a dar choques, até mesmo acima dos 450 volts, para obter uma resposta certa. Claro, os atores não recebiam o choque, mas fingiam a dor e o sofrimento. Todos eles diziam sempre a mesma coisa: estavam obedecendo ordens.
Aparentemente desconexas, essas duas situações são, sim, parecidas. Simplesmente porque as duas mostram que a moral humana pode ser distorcida de forma quase instantânea. Causar dor ao próximo é errado e condenável, mas se for para um "bem maior" ou se for apenas uma ordem a ser cumprida, pode. Matar alguém é errado, mas ajudar a roubar o carro da vítima, pode.
Todos são delitos, mas quando se tem uma explicação plausível, uma moral distorcida por uma lógica sombria, pode.
É por isso que eu tenho muito medo do lado escuro que todo ser humano carrega dentro de si...
quinta-feira, julho 02, 2009
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