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terça-feira, junho 01, 2010

Os desafios de uma humanidade destroçada

Ontem, a manhã começou sangrenta para os jornalistas que cobrem política internacional. Israel decidiu atacar um navio que levava suprimentos para palestinos em Gaza - área em que o exército israelense tem total controle, inclusive em espaço marítimo. O motivo é que há um bloqueio racionando medicamentos, alimentos e até força médica para ajudar palestinos. Aparentemente, terroristas se escondem no navio para ajudar o povo palestino a cotinuar sua matança indiscriminada e altamente perigosa.

Aham.

Até onde eu li, cerca de 14 pessoas morreram. Israel alega legítima defesa - dois ativistas estavam com canos e facas e teriam atacado os soldados que, prontamente, responderam com balas. Na cabeça. Em mais de 10 pessoas.

Defesa. Aham.

Esse ataque, que aconteceu inclusive antes do espaço marítimo de controle israelense, deixa evidente o medo com que Israel convive todos os dias. Eu ODEIO ter de concorcar com o presidente do Irã, o igualmente sanguinário Mahmoud Ahmadinejad, mas ele disse algo com sentido: o ataque mostra a fraqueza de um governo. Acostumado a fazer guerras preventivas, a ter como guarda-costas ninguém menos que os Estados Unidos, Israel acreditou na ilusão de que deve manter seu território à bala. O problema é que isso acabou isolando o país, deixando-o rodeado por inimigos. O Egito, inclusive, abriu sua fronteira para enviar ajuda até Gaza. E aí nasceu a paranóia - de que apenas atacando antes pode-se defender seu povo.

Algumas pessoas podem me acusar de ser contra os judeus. E deixo já bem claro que a minha questão não é religiosa ou étnica - é política. Israel é uma nação soberana - como eles fazem questão de frisar SEMPRE, de forma obsessiva até - e tem o direito de defender seu território, seu povo e suas crenças dos inimigos. Mas defender aqueles que amamos de uma ameaça clara e evidente é muito diferente de atacar preventivamente. Os Estados Unidos - sim, o guarda-costas, que acabou influenciando em sua ideologia também - usaram essa desculpa para irem até o Iraque, e o que temos hoje? Um atoleiro, uma versão moderna do Vietnã, em que pessoas inocentes morrem todos os dias sem saberem por quê e soldados são mutilados sem terem descobrido pelo quê estão lutando.

Li uma nota em que um analista afirmou que esse ataque enfraquece a imagem de "moderada" de Israel. Imagem que, na minha opinião, nunca existiu. A história comprova que Israel sempre preferiu atacar a ser atacado e, quando o fazia, era de forma desproporcional. A intenção nunca foi ganhar uma guerra, mas sim aniquiliar o inimigo. Completamente. O problema é que, como a própria história do mundo nos mostra, aniquilar o inimigo é plantar a semente do ódio cego e mortal. A Alemanha aniquilada e humilhada depois da Primeira Guerra Mundial foi o solo fértil de um dos mais medonhos e venenosos líderes que a humanidade já conheceu. E, com ele no poder, os judeus experimentaram apenas dor e sofrimento. Será que não era hora do governo israelense, ao invés de atacar em nome do medo, negociar em nome da paz definitiva?

Baixar a guarda nunca é fácil. Esquecer a vingança, muito menos. Israel não tem o direito de atacar de forma indiscriminada, agindo em nome da "prevenção", pois o fim dos meios é o mesmo: a morte de inocentes. O fim é o mesmo que no primeiro momento deveria ser evitado - a morte de israelenses inocentes. E nessa guerra, qual é o sangue que vale mais?

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