Compras de natal

O chato de fazer aniversário perto do natal é que a compra dos meus presentes se confundem com as compras de natal. Um saco. Não dá pra provar roupa tranquilamente, muito menos passar uma semana na indecisão entre um vestido amarelo e uma calça jeans cara. Porque, sim, quando você decidir pelo vestido amarelo, ele já terá sido comprado...

Enfim. Lá estava eu no Shopping X de São Paulo. Queria uma calça jeans diferente. Entrei na Triton. Eu tenho uma calça de lá que é um l-u-x-o mas, infelizmente, não me serve mais (ahh, os meus dezoito anos...).

Entrei. Rodei. Olhei os cabides. E só então uma saltitante e loira vendedora se aproximou. Primeiro sorriu e perguntou se eu precisava de ajuda. Pedi dois modelos de calça. "Que número?", ela perguntou. "Acho que 40".

Aí o tempo fechou. Ela me mediu dos pés à cabeça, pensou por um instante e disse que "ia ver". Eu já sabia o que ela diria em seguida: que não tinha. E foi o que aconteceu. Ela voltou com a maior cara de desprezo e informou que "peças únicas" não chegam em tamanho 40; no máximo, 38.

Seria tudo normal se o tamanho 38 deles não equivalesse ao 36 e eu, que sou alta, preciso de mais pano nas pernas. E o 40 tem isso.

Mas eu sei que, ao dizer que precisava de um 40, ela imaginou uma pessoa que está acima do peso-padrão para usar a marca. O pior de tudo é que eu tenho certeza de que ela mesma usa 40, já que dava pra ver que ela estava acima do peso.

Enfim, a partir de então, ela passou a me ignorar. Não sei se foi por causa do jens de duas estações atrás da M. Officer que eu usava; ou por causa do meu All-Star vermelho; ou por causa do meu cabelo enrolado. Sei que ela simplesmente fingiu que eu não existia - e eu realmente queria comprar a calça, e realmente tinha dinheiro pra comprá-la.

Saí da loja dando risada. Ela perdeu uma boa cliente.