Sem noção
Quando você vira jornalista, faz parte do currículo básico se tornar um sem-noção. E isso vale para as mais diversas situações.
Deu seis horas da tarde? Não tem problema - se você ainda está trabalhando como se fossem oito da manhã (desde as oito da manhã), todo mundo deve estar também. Perguntou educadamente e ouviu uma resposta igualmente educada - e insípida? Não tem problema também - faça a pergunta novamente, de maneira mais incisiva, e finja não perceber o desconforto do seu entrevistado. A empresa não quer comentar o assunto? Coloque isso na reportagem - quem tem a esconder sempre fica quieto, todo mundo sabe disso (incluindo o seu leitor). Não quis ajudar? Ok, vou falar com o seu concorrente - ele com certeza deve ter coisas interessantes a dizer a seu respeito.
E isso, bem, é apenas parte do meu dia.
Sim, senhoras e senhores. Quando você vira jornalista, parte do monstro que existe dentro de você é liberado para fazer as maiores - e mais sutis - maldades do mundo.
E ainda recebemos por isso.
Uma coisa, essa profissão.
quinta-feira, julho 30, 2009
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