Do tamanho das coisas

E então você se depara com um gigante na sua frente. Daqueles de botar medo, mesmo. O monstrengo está lá, calminho, tranquilo, parece nem tomar conhecimento da sua existência - aliás, para falar a verdade, ele DE FATO não sabe da sua existência.

Mas você sabe da dele. Esse é o problema.

Os dias passam, as semanas, e ele continua lá. Grande. Assustador. Incômodo. Praticamente um elefante branco no meio da sua rotina. Você sabe que a única maneira de resolver essa situação é chegar perto, abordá-lo cordialmente, sondar terreno. Essa talvez seja a parte mais difícil, pois enquanto você procura com olhos curiosos aquilo que quer enxergar, o coração cria vida dentro do peito. Se agita, resmunga, bate forte. Quer sair pela boca. E toda a calma e controle que você precisava para manter tudo na sua zona de conforto desmorona de forma brilhante.

É bem nesse momento que a hora chega. Do desafio. A hora de dizer: "olá, prazer sr. Monstro". Eu existo. E vou te vencer.

E apesar de assustadoramente grande, o tal gigante vai se tornar apenas isso, um gigante. Por vezes bravo, geralmente devastador. Mas capaz de se curvar à inteligência e ao esforço de quem quer de fato vencê-lo.

Pode-se dizer - para os amantes de romances de cavalaria - ou seja, com cavaleiros e princesas - que ele procura "um coração puro". Eu prefiro pensar que ele se rende aos visionários.

Afinal, já dizia Pessoa, "somos do tamanho dos nossos sonhos".

E os meus não param de crescer.