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quinta-feira, outubro 22, 2009

Mulher-Maravilha

Há uns anos, eu escrevi uma matéria (que infelizmente não tem link) sobre a "Síndrome da Mulher-Maravilha", uma espécie de comportamento obcessivo que vinha acometendo cada vez mais as mulheres jovens.

Na época, eu era uma mera estagiária e julgava DE FATO que estava exausta.

Eu estava errada.

Hoje eu realmente entendo a complexidade do tema sobre o qual escrevi. E entendo melhor ainda os motivos pelos quais as mulheres - e incluo todas nessa lista, mas principalmente as que estão entre os 20 e 40 anos - estão simplesmente enlouquecendo em silêncio, presas dentro de uma lista de afazeres diários que só faz crescer.

Vejamos.

Mulher que é mulher precisa ter vaidade. Isso então inclui gastar dinheiro com maquiagem (boa), com cosméticos que impedem a ação do tempo, dos radicais livres, da poluição, a ação maléfica da maquiagem (pois é) e a oleosidade (ou o ressecamento - os dois são ruins). Também precisa cuidar da celulite, da estria, da elasticidade da pele, do tônus da pele, da flacidez (impedir que) da pele do corpo inteiro, preferencialmente do bumbum, das coxas e dos seios (por motivos óbvios). Vale lembrar que é bom fazer também limpeza de pele a cada 40 dias.

Ah, sim: mulher que é mulher precisa estar em dia com o salão de beleza, ou seja, fazer depilação de tempos em tempos (inteira, vai, só meia perna não!), unhas dos pés e mãos, tintura impecável, corte. E ainda é bom variar no penteado, fazer escova de vez em quando. Mas aí também não se pode esquecer da hidratação semanal, da hidratação profunda mensal etc.

Mas a mulher moderna não é só aparência. Precisa ler jornais, revistas, livros, periódicos na internet; estudar o máximo de matérias possíveis em quantas faculdades, pós-graduações e mestrados forem possíveis também; fazer cursos livres; participar de programas de voluntariado; ver filmes, no cinema e em DVD, de preferência os clássicos - nada das comédias românticas deliciosas, já que elas não possuem profundidade intelectual. E não queremos não ser intelectuais.

Para não mencionar que queremos ser chefes. Sempre.

Entre um momento e outro dia, há também o cuidado com a alimentação. Muita gordura não pode, muito sal também não, muito carboidrato idem. O café da manhã deve ser reforçado e bem servido e degustado à mesa (mesmo que para isso você tenha que perder uma hora de sono), o almoço deve ter uma montanha de salada e um teco de arroz, e os lanchinhos do dia devem ser frutas, muitas frutas, castanhas, essas coisas saudáveis. Jantar, nem pensar - só se quiser engordar. Pizza e junkie food, apenas na hora da morte. Ah, e líquidos: 2 litros de água por dia. Tem que policiar.

Ao fim do dia, ainda com pique, chegar em casa para encontrar o marido e manter a postura alegre, jovial e contente - mesmo depois de um dia do cão. Conversar de forma atenciosa, sorrir, expressar carinho. São os cuidados da relação que uma mulher moderna deve aprender a cultivar todos os dias. Ah, e é claro: ser uma deusa do sexo a noite inteira.

A noite também pode acabar num happy hour com as amigas, onde o cuidado com os sorrisos e a conversa atenciosa devem ser os mesmos. Ou num jantar com a família (pais e irmãos). Tudo igual.

Para começar o dia seguinte às 5 da manhã e refazer toda essa rotina.

Não estou culpando os pais, maridos ou amigos. Na verdade, como o meu amor querido me alertou ontem, 90% de tudo o que foi cobrado acima (e olha que isso deve ser uns 30% do que de fato nós nos cobramos) vem de dentro, daqui ó, do nosso peito. As mulheres agora querem ser tudo: lindas, sensuais, inteligentes, boas profissionais, boas mães, esposas, filhas, amigas. Um deslize que seja já é o bastante para colocarmos a nossa competência em gerenciar a própria vida em jogo.

Em outras palavras: queremos ser a Mulher-Maravilha. Afinal, ela representa tudo isso: independência, sensualidade, vitalidade, jovialidade, força, inteligência.

Só que não dá. Simplesmente... não dá. Não é possível viver um dia a dia roteirizado, prestando atenção aos detalhes todos para que nada fuja ao controle.

É impossível.

É impossível. Mesmo.

Vou continuar repetindo para ver se me convenço.

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