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domingo, outubro 25, 2009

Senhora e senhores, Dita Von Teese

Às 13h38 minutos, chego ao hotel na região central de São Paulo. O domingo amanheceu abafado, embora nublado, bem diferente do sábado de sol e calor que quase derreteu até os mais animados um dia antes. No lobby do lugar, decorado com muito veludo vermelho e dourado, uma modelo alta e de cabelos enroladíssimos, vestida em preto e salto alto, aguardava os jornalistas com uma lista em mãos. Apenas os nomes ali teriam 10 minutos com a diva do burlesco, Dita Von Teese.

Em seguida, a assessora de imprensa - vestida igualmente impecável - surge do elevador. Simpática, sorridente, nem parece que está trabalhando em pleno domingo. Aliás, o bom humor imperou hoje - algo raro entre jornalista, sempre tão reclamões, sempre tão chatos. Ela nos convida para subir; Dita está ainda em sua suíte, se preparando, mas logo irá nos receber.

Subimos. Chegamos a uma sala, também decorada com peças douradas e em veludo, embora mais discreta que o lobby. Enquanto aguardamos, coquetéis são servidos em taças de martini - Dita veio ao Brasil à convite de uma marca de licor e vai apresentar seu famoso show dentro de uma taça do icônico drink (muito embora estejam servindo uma receita da marca, e não o drink preferido de James Bond).

Dita começa a agenda de entrevistas do dia, e logo minha vez chega. Estou nervosa. Um frio no estômago é sempre bom; é para nos lembrar que temos sangue correndo em nossas veias; que, apesar de jornalistas, também somos fãs, também temos vergonha de sermos simples mortais. Na hora, é claro que nada disso conforta. O importante, eu sempre penso, é manter o controle. Isso é fundamental para levar a entrevista por caminhos conhecidos e que sejam relevantes para o que eu quero escrever.

Essa confusão de pensamentos revira meu estômago. Mas subitamente sinto uma calma quando entro na sala reservada para a entrevista. Ao passar pelas cortinas brancas e leves, fechada de forma incompleta na porta de vidro quadriculado, me deparo com uma boneca. Sim, sim. De porcelana. Pele perfeita, branca, finamente maquiada, corpo enxuto, madro, mingon. Dita usa um vestido lilás com saia plissada e muitos babados ao redor do pescoço e dos ombros desnudos. O decote é generoso e deixava entrever muito mais do que uma garota tímida e comum de Michigan permitiria. Mas, talvez pelo sorriso delicado emoldurado por lábios marcado com batom vermelho, pelas feições igualmente suaves e pela cor do vestido, não percebi vulgaridade. Os cabelos negros - ela é loira de nascença - estão penteados, anelados, divididos para o lado. Dois pequenos brincos brilhantes repousam em sua orelhas e aparecem de tempos em tempos, quando ela ajeita as mechas com as mãos.

É nesse instante que me apaixono. Não pela personagem que, francamente, pertence ao show burlesco e às fotos sensuais que fazem dela um sucesso. Dita usa sua beleza e feminilidade, mas ela ainda é gente como a gente - apesar de ser, de fato, uma pin-up. Ri de si mesma ao dizer que jamais seria uma dessas modelos lindas, loiras e naturais, e assume que a luz num ambiente faz milagres para qualquer mulher. Deixa claro que, no dia a dia, não consegue ter tempo para se maquiar como uma pin-up - a não ser que vá falar com a mídia ou fazer algum evento. E é fofa: assina um pôster para minha irmã (que é fã) e ainda tira uma foto comigo.

Dez minutos se passam e a sensação é que foram dez segundos. A minha vontade - bem como de todos os jornalistas que falavam com ela - era de dizer: escuta, você quer ser minha melhor amiga???? Posso ser a sua então????

Voltei para casa feliz. A entrevista foi boa e eu ganhei mais um ídolo. Mas, acima de tudo, voltei com a sensação de que amo minha profissão. São essas pessoas que fazem o sacrifício de trabalhar num domingo a tarde valer a pena.

De verdade.

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