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quarta-feira, novembro 11, 2009

... e apagou

Então foi assim. Lá pelas dez horas, acho, porque estava dormindo no sofá um pouco antes de acontecer. De repente, as luzes lá em casa começaram a piscar, num vai-não-vai, parecendo que iam se desmontar. Ou estourar. A tv, coitada, ficou na mesma, mas logo a tela escureceu. Do alto do décimo andar, deu pra ver que as luzes de todo mundo estavam enlouquecidas do mesmo jeito.

Ficaram assim, sofrendo a inconstância da corrente elétrica, até que por alguns minutos se mantiveram fraquinhas, acesas por um fio. E de repente, não mais que de repente, numa reação estupidamente rápida, apagou tudo. Em casa, ao redor e ao longe. Do décimo andar, como eu dizia, deu para ver que foi instantâneo. Até parecia coisa de filme. A sala empreteou, as ruas ficaram escuras também. Ao longe, uma sirene brilhava, vermelha, provavelmente de algum sistema de emergência dos prédios ao redor.

Da área de serviço dava para ver a Marginal Pinheiros, igualmente um borrão escuro na paisagem ainda mais escura. As ruas só se iluminavam com os faróis, agora potentemente ligados na intensidade máxima, para permitir alguma visibilidade. Sem internet, sem telefone (nem os celulares funcionaram), sem televisão, pensei em ir até o carro e ouvir o rádio. Mas lembrei. Do décimo andar, como eu dizia, até o carro, era uma longa caminhada - e uma subida ainda mais complexa.

Fui atrás - eu e o marido, também igualmente confuso e maravilhado com aquela situação toda - de um rádio. Na verdade, o mais próximo disso em casa é um aparelhinho de mp3, ultrapassado, velho, funcionando com pilha. Irônico. O marido tem um iPhone, temos todas as tecnologias em casa, e ainda precisamos do bom e velho radinho de pilha.

No meio da noite, consegui conexão com meu pai e minha irmã. Lá também estava tudo escuro. Meu pai ouvira no rádio que era geral - Rio, Paraná, Mato Grosso, Goiânia, e por aí vai. Me lembrou o apagão de 2001. Eu estava no colégio, em prova de matemática. De repente, as luzes se apagaram na escola inteira. Fomos dispensados das aulas - o que se provou um erro, porque todos os alunos se amontoaram na porta da escola, na rua, esperando alguma indicação do que fazer. A fila no orelhão (pois é, celular ainda não era necessidade básica da adolescência) estava imensa. Quando consegui ligar para casa, minha mãe me disse: espere aí, seu pai já foi te buscar. Uma delícia saber que as pessoas cuidam de você sem precisar pedir. Esperei, ele me encontrou, voltamos de carro para casa.

As coisas que a memória da gente guarda...

O mais legal é que eu não fiquei com medo. Curiosa, bastante - afinal, sou jornalista (ha!). Mas me senti criança de novo, enrolada no endredon na sala com o marido, olhando o vazio da noite e esperando as luzes se acenderem no horizonte de novo.

Eu dormi, ele dormiu, fomos para cama, e só às 4 da manhã a luz voltou.

Mas o elevador ainda continua quebrado lá no prédio. E, no décimo andar, como eu dizia...

2 comentários:

Lizani disse...

Aqui não tem dessas emoções! I'm so bored!
Bj

lizani Bessel disse...

O caso foi notícia aqui na BBC. Também pudera! Quando um erro ortográfico do primeiro ministro faz as manchetes principais em todos os canais de tv por 3 dias consecutivos,o apagão realmente chama a atenção. Coitado do Gordon B. Escreve a mão cartas de concolências às famílias de soldados mortos no Afeg. e comete uns erros como cumfort ao invés de comfort e a mãe resolve vender a carta pra um jornal, o homem tá ferrado! Pior que ele teve a gentileza de ligar pra mãe pedindo desculpas pelos erros e a mãe gravou e vendeu de novo pro jornal.
Ninguém merece! Jornalistas só tem dois decentes nesse mundo: meu filho e minha nora!