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quinta-feira, agosto 19, 2010

Infância

Senti um desejo louco por chocolate quente nesta manhã. Acordei e percebi que se conseguisse algo quentinho (bom dia, dor de garganta!) e reconfortante, talvez meu dia se tornasse memorável. Dito e feito: ao primeiro gole, senti um alívio imediato. Uma paz, um sossego, uma sensação de aconchego enorme. Minha mãe tinha razão: não há nada que uma xícara de chocolate quente não possa curar.

Senti uma saudade enorme dos tempos em que eu era criança e essa máxima fazia todo o sentido do mundo. Sim, porque hoje você toma uma xícara dessas e... corre para uma academia para queimar todo esse açúcar. Não, as coisas não eram assim. Quando se é criança, todo o açúcar do mundo não é um pesadelo na hora da balança; é praticamente um sonho realizado ter tanto doce à disposição!

E então eu senti ainda mais saudade da minha infância. E fiquei pensando em como somos idiotas de fazermos promessas que não manteremos. Eu vivo lendo textos e poemas falando de como devemos nos manter jovens e crianças para sempre, porque isso é o que vai manter nosso espírito vivo. Mas a verdade é que, entre as recomendações nutricionais e as esmagadoras responsabilidades que a vida moderna nos impõe todos os dias, é muito, muuuuuito fácil esquecer essa promessa.

Você esquece, por exemplo, de ser sincero. Porque a sinceridade, em algum momento, tornou-se grosseira. Falar a verdade é rude. Sob essa desculpa, aprendemos a pisar em ovos com todo mundo o tempo todo. É quase como inventar um personagem para cada pessoa que você conhece e assim evitar de tocar em alguma ferida. Porque vivemos na era da felicidade e se você por um acaso faz alguém sofrer com a sua opinião, deve ser excluído do convívio social. Sem segundas chances.

Aí, para manter uma interação social meramente possível, inventaram o "politicamente correto". Velhos viraram "terceira idade", que ainda estava ruim e virou "melhor idade". Deficientes agora são "portadores de necessidades especiais". E quando você diz ao seu chefe que precisam discutir a relação, você pede educadamente por um "feedback construtivo". Se a sua melhor amiga está acima do peso, você diz que ela poderia frequentar uma academia para ficar mais saudável. Ah, tá.

Depois, você esquece de enxergar as possibilidades. Quando eu era criança, eu queria muito ser bióloga para estudar a rota migratória de baleias no Canadá (!). Atualmente, tenho planos para o final de semana. Quanto mais crescemos, mais nos dizem para viver o "aqui, agora", mas a verdade é que vizualizar o futuro é sensacional. Ele não precisa se realizar, mas um horizonte de possibilidades infinitas é inspirador - e nos inspira a realizar coisas legais agora, aqui, no presente.

Por fim, quando somos crianças não temos medo de nada. Quer dizer, temos medo de tudo, mas existe um projeto de herói dentro de todo mundo que nos empurra a desbravar o mundo com olhos curiosos. os tropeços e tombos estão pelo caminho, mas a capacidade de esquecê-los é imensa - e a lição é absorvida quase que automaticamente. Sem análises, sem discussões. Sem a ajuda de psicólogo, terapeuta, um copo de cerveja ou de vodka (para os mais desesperados).

O que me leva a uma conclusão apenas: será que estamos mesmo crescendo? Se considerarmos que ficamos mais responsáveis e experientes, sim. Mas será só isso? Porque, pensando em todas esses "pequenos detalhes" que deixamos para trás porque crescemos e queremos nos agrupar no mundo dos adultos, eu realmente fico em dúvida. Como crianças, podemos ser ingênuos, mas jamais trairíamos nosso próprio coração.

E como adultos, bem... há corações partidos todos os dias, todas as horas, o tempo todo, em qualquer lugar.

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