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sexta-feira, setembro 04, 2009

Da falsidade

Eu acho engraçado como certas pessoas conseguem ser... falsas. Daquelas bem duas-caras, cínicas, mascaradas. É incrível, um dom quase divino, a capacidade com que esse tipo de pessoa mente descaradamente - e ainda convence uma platéia, se deixar.

Eu conheço uma executiva, que não é bem executiva, mas enfim, se trabalhasse em uma empresa "normal", seria. Ela é a pose em pessoa: os cabelos, alisados e tinturados de forma impecável; o rosto, sem rugas, naquela expressão "Curinga" que o excesso de esticamento e botox provocam nas mulheres; o corpo, semelhante ao de uma moça de 30 anos, praticamente sem gordura e com curvas milimetricamente retocadas por um cirurgião e próteses. Ou seja, fisicamente falando, ela já é uma montagem.

Quando ela abre a boca para falar (e aí tem que fechar os olhos - hahahaha, piada infame), a voz é incrivelmente sedutora. Sério. Envolvente. E o jeito como ela fala, putz, conquista. E você se perde nesse cenário todo, e acaba perdendo a noção de sentido do que ela de fato está dizendo.

Ela diz que te adora. Aham. Mas nunca me chama para conversar. Ela diz que meu trabalho é incrivelmente bom. Aham. Mas não me contrata porque... bom, sei lá. E elogia pra cá, e elogia pra lá, e fala bem daqui, e fala bem dali.

E no fim das contas, eu saio me perguntando: o que raios eu não tenho? Ou, o que raios eu fiz de errado, já que sou tão boa?

Para um desavisado, essa seria uma reação normal.

Não para mim. Eu já sei a história inteira.

A aparência fake condiz com o interior: é tudo... fake. É tudo cena. É só para mostrar como ela é maravilhosa, gentil. E como é maravilhoso trabalhar com ela, ter a vida dela, o cargo dela.

Aham.

I know better.

Falsidade é assim: você convive, sorri e acena. Mas, ao voltar para casa, pega tudo o que levou consigo e joga na lata do lixo.

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