Click Here For Free Blog Backgrounds!!!
Blogaholic Designs

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Da necessidade de ser alguém

Estava vendo uma reportagem ontem no Bom Dia Brasil (da Globo) sobre pessoas que largaram suas profissões (bom, mais ou menos) para se dedicarem a melhorar a vida do próximo.

Óbvio que, como toda reportagem do tipo, tinha lá um deficiente físico que cirou uma instituição para incluir os excluídos. ANTES DE FALAREM MAL DE MIM, calma. Não estou desdenhando a ação do moço - que, aliás, é bem exemplar. Estou apenas dizendo que é o tipo de coisa que você espera de uma matéria como essa.

Assim como o próximo exemplo, um total clichê. Economista, formada nas melhores faculdade, ganhando os tubos como consultora para bancos de investimentos em Londres, a mocinha decidiu que não dava mais. Largou tudo e passou a se dedicar completamente a uma ONG inglesa que financia outras ONGs. Tinha contatos, tinha meios, tinha garra; a menina é hoje um sucesso. Ganhando 1/5 do salário que ela ganhava.

Na hora, pensei: é isso. Talvez por estar vivendo um momento de puro e completo desânimo profissional, essas histórias de gente que ajuda o outro sem pedir nada em troca têm me inspirado. Já cheguei a pensar, confesso, em ir passar uma temporada na África, ajudando animais, construindo escolas, sei lá. Qualquer coisa.

Qualquer coisa que me diga que o que eu faço ainda faz diferença no mundo; que o que eu sou capaz de fazer, produzir, criar, enfim; que aquilo que eu sou capaz de oferecer em troca ao mundo, ao universo, sei lá, ainda faz diferença em alguma esfera. Em algum espaço. Para alguém.

Meu marido lindo-perfeito me disse que eu deveria me "vestir de dignidade" enquanto as coisas não podem ser mudadas. Eu concordei. Mas descobri que vestir-se de dignidade não é algo simples para quem tem sede de mudanças. Para quem é ansioso, elétrico, necessitado de mudanças. Para alguém, enfim, que não consegue se contentar com pouco; que não consegue se contentar com o comum, o corriqueiro, o cotidiano, o rotineiro. Alguém como eu - óbvio. E eu achando que ia ser fácil...

Não, ter dignidade, nessas horas, é complicado. Porque tudo o que você quer é gritar a plenos pulmões que o mundo está errado, que as pessoas estão acomodadas e que essa guerra de egos e humors ri-dí-cu-la não vai levar a lugar nenhum. A vontade é chacoalhar as pessoas, bater na mesa, destruir as paredes. Quebrar os computadores. A vontade é mostrar um caos para, a partir disso, ressurgir.

Mas as coisas não funcionam desse jeito, e essa necessidade por sangue e baderna é simplesmente uma revolta interna. Um sentimento que, de tanto que foi abafado, tolhido, cortado, minado, e por fim esquecido, se transformou em uma bomba relógio.

Eu disse que queria mudar o mundo. E ainda quero. E o que eu aprendi recentemente é que, por mais que eu queira, gritar não é o suficiente.

O caminho certo é ainda o mais penoso: o da dignidade. E eu vou me esforçar para percorrê-lo até o fim.

Nenhum comentário: