Eu não quero jogar

Ultimamente, uma coisa tem me cansado demais nas relações interpessoais (bonito isso, né??). Essa história de "fazer jogo". Pode ver: ninguém hoje em dia dá ponto sem nó. É tudo milimetricamente calculado, dito depois de muita reflexão. Tudo porque vivemos numa era do "politicamente correto", aquela coisa necessária e ao mesmo tempo tão tediosa.

Digo tediosa porque, com o politicamente correto, as pessoas acabaram se fechando em si. Somos agora um abismo de segredos e verdades não ditas, tudo para preservar... sei lá o quê. Moral? Bons costumes? Educação? Nada disso. Acredito que fazemos isso porque tudo hoje em dia conta contra você; tudo pode e será usado para te acusar das maiores barbaridades.

E isso cansa, sabe? Fazer joguinhos. Era muito melhor ser sincero de uma vez, de forma delicada ou não, e simplesmente resolver o problema! Nada de ficar remoendo, ou mesmo guardando na memória aquele momento em que você perdeu a chance de ser original, honesto, verdadeiro. A vida tem se tornado uma sucessão de metodologias e discursos pré-arranjados, algo que simplesmente se torna vazio e superficial depois de algum tempo.

Por que isso agora? Bem, ontem, durante o banho (pois é, acontece com frequência), eu tive um insight. Deixei muita coisa para trás em nome da boa vizinhança, em nome de manter a paz, a harmonia, o equilíbrio. E quer saber? Eu consegui tudo isso. Fora de mim. Porque, dentro de mim, reinou o caos desde sempre. E ainda reina agora quando penso que apenas eu fui ingênua de acreditar que isso iria funcionar.

Não vai. Nem hoje nem nunca.

A questão nunca esteve em minhas mãos. E eu me odeio por achar que ainda assim poderia salvar alguma coisa.