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sexta-feira, março 26, 2010

O que vale mais?

Hoje é um dia decisivo para o julgamento do casal Nardoni. Para quem não se lembra (e anda completamente fora de qualquer site, jornal ou televisão), os dois são acusados de assassinar a menina Isabella. Odeio esse termo, "menina Isabella", cunhado pela Globo como foi com o "menino João Hélio", mas enfim, todo mundo entende quando eu falo!

Voltando: o julgamento está no fim e já fez história. Isso porque nunca antes uma acusação foi feita baseada apenas em provas da perícia. Sempre que eu penso nisso, é inevitável associar aos casos do CSI, aquela série que passa na Record e no AXN. Isso porque, nessas séries, o caso todo é praticamente desvendado apenas com provas técnicas. Teoricamente, elas não mentem.

Não sei se isso é só uma frase de programa de TV, ou se a nossa Justiça é que ainda é muito lenta. Mas é fato que, por aqui, as provas técnicas podem, sim, mentir. Isso porque na maior parte das vezes elas guiam os peritos nas conclusões - mas é tudo apenas isso: conclusões. E a defesa, como todo bom jornalista (sim, advogados e jornalistas têm mais em comum do que pensam...), distorce muita coisa. O que era "conclusão" pode virar "especulação" num piscar de olhos.

Mas eu comecei a falar desse caso todo porque estava lendo agorinha mesmo uma notícia sobre as chances de condenação ou inocência. E um dos entrevistados disse uma coisa que me deixou... inquieta. O advogado citou um ditado comum em Direito para casos polêmicos: "mais vale um culpado solto nas ruas do que um inocente preso".

A frase me chamou a atenção porque eu realmente não sei se concordo ou não - simplesmente porque nenhum dos dois vale mais. Um culpado solto nas ruas pode destruir uma vida tanto quanto a vida de um inocente preso, e as duas têm valor igual. É claro que esse tipo de decisão acontece todos os dias pelo mundo, e preciso admitir que não deve ser fácil conviver com isso para o resto da vida. Não é um trabalho fácil. Contudo, eu não saberia decidir qual das duas pessoas merece o benefício da dúvida, simplesmente porque os riscos, para mim, são iguais.

Ao mesmo tempo, me senti meio mal por questionar isso - afinal, um inocente preso deve ser mesmo um inferno. Mas também me questiono como a mãe de Isabella vai se sentir se o casal for inocentado. Não há outros acusados, não há outras provas que guiem para outros caminhos; tudo indica que foram os dois. E aí, como é então lidar com a dor da injustiça e, pior, a dor de pensar que isso pode acontecer de novo, já que há mais duas crianças envolvidas na história?

Esse julgamento é polêmico. Sem dúvida. Mas também nos ensina que a Justiça nem sempre é correta, lembra que a vida nem sempre é justa. E essa talvez seja a mais dura lição nunca aprendida pela humanidade.

Um comentário:

Lizani disse...

Hoje mesmo vi na BBC o resultado de um inquerito que investigou a responsabilidade da policia britanica no assassinato de um rapaz que trabalhava com o pai no post office deste ultimo. Parecia ser mais um caso de latrocinio. A diferenca e que o ladrao era conhecido da policia que sabia dos seus roubos mas nunca o prendeu. Precisou matar pra ser preso. Tarde demais pro rapaz que morreu!